Faxineiro é profissão que lidera criação de vagas de trabalho no país; veja ranking

Faxineiro é profissão que lidera criação de vagas de trabalho no país; veja ranking

Criação de vagas formais tem sido puxada pelo setor de serviços e por cargos de baixa remuneração, mostra levantamento.

Entre todas as profissões do país, faxineiro é a que mais abriu novas vagas com carteira assinada nos últimos 12 meses até maio. É o que mostra levantamento exclusivo feito para o g1 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir dos dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.

Em 1 ano, foram criados 163,4 mil novos postos de trabalho para a ocupação de faxineiro – 6,15% de todas as vagas geradas com carteira assinada geradas no país no período (2,66 milhões).

O levantamento listou as profissões que mais criaram novas vagas de emprego em 12 meses entre as 2.608 ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) da base de dados do Caged.

O número total de faxineiros com carteira assinada no país atingiu 1,79 milhão de trabalhadores, uma expansão de 10% em 12 meses, superando o contingente pré-pandemia. Em fevereiro de 2020, eram 1,59 milhão de faxineiros formais, segundo a CNC.

A maioria das profissões que mais abriram postos de trabalho no acumulado em 12 meses é do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetado pela pandemia de coronavírus –, refletindo o processo de reabertura da economia e retomada das atividades de caráter mais presencial.

"O setor de serviços foi o último a reagir e é o que está impulsionando o mercado de trabalho. As empresas reabrindo passam a demandar mais serviços como os de faxina", afirma Fabio Bentes, economista da CNC e autor do levantamento.

Apesar da queda do desemprego e do maior número de empregos com carteira assinada no país, o levantamento mostra que a criação de vagas tem sido puxada por cargos de baixa remuneração e que demandam pouca qualificação.

"Não que não sejam setores importantes, mas são ocupações de baixa produtividade em termos de retorno que estas profissão dá a empresa. Não adianta um banco contratar 50 faxineiros, que o desempenho da empresa não irá melhorar em razão disso", afirma Bentes.

"É uma profissão importante, essencial, mas do ponto de vista do investimento não é ocupação que irá agregar muito em termos de resultado para a empresa".

Reflexos da pandemia e renda em queda

O levantamento listou também as 10 profissões com a maior expansão percentual no contingente de trabalhadores nos últimos 12 meses, entre as 140 ocupações que mais empregam no país .

Neste ranking, a liderança é de ocupações associadas a segmentos que ainda não recuperaram o patamar de atividade pré-pandemia ou cuja demanda aumentou em razão da reconfiguração da economia, com o avanço do trabalho híbrido e do comércio eletrônico.

"São profissionais necessários para a subsistência da empresa, e não para o crescimento dela ou para investimento. É diferente de contratar um profissional de TI, da área financeira ou engenheiro. Estes sim têm a capacidade de aumentar a produtividade da empresa", avalia Bentes.

De acordo com os dados do governo federal, foram criados 277 mil empregos com carteira assinada em maio no Brasil. No acumulado em 12 meses, foram 2,6 milhões de vagas formais a mais. Desse total, 53,9% foram no setor de serviços.

Reportagem do g1 mostrou que o salário médio de contratação no país caiu 5,6% em 1 ano, considerando todas as profissões. Em maio, o salário médio real de admissão foi de R$ 1.898.

Outro levantamento da CNC mostrou que o salário de contratação caiu em 128 das 140 principais profissões no acumulado em 12 meses até maio. A remuneração média de admissão de faxineiro, por exemplo, ficou em R$ 1.447, abaixo do salário médio para novas vagas com carteira assinada.

Salário de contratação caiu em 128 das 140 principais profissões

Perspectivas

Para os próximos meses, a expectativa é de uma desaceleração do ritmo de criação de vagas de emprego, em razão da alta dos juros, da inflação persistente na casa de dois dígitos e das incertezas relacionadas à disputa eleitoral.

"Além da inflação e desemprego ainda elevado, isso tem a ver com o baixo crescimento econômico mesmo e com o cenário de incerteza que ainda permeia a economia, principalmente para 2023", avalia o economista.

A iminente aprovação da a PEC (proposta de emenda à Constituição) que libera bilhões em gastos públicos a pouco mais de três meses das eleições também em elevado os temores de descontrole fiscal, pressionado o câmbio e reforçando as apostas de uma alta maior da taxa básica de juros (Selic).

Para tentar trazer a inflação de volta para a meta, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2016, e o BC já indicou que os juros ficarão em patamar elevado por um período maior de tempo.