Saúde mental no trabalho ainda é tabu para a liderança e precisa ser desmitificada

Saúde mental no trabalho ainda é tabu para a liderança e precisa ser desmitificada

Confira 5 dicas para o RH melhorar o bem-estar no trabalho

O cuidado com o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores é, hoje, a principal dor das empresas. No Brasil, dados da Previdência Social informam que, só em 2021 mais de 75 mil brasileiros sofreram afastamento do trabalho por conta de quadros de depressão. O tema é antigo, mas foi escancarado com a pandemia e ganhou a visibilidade da alta liderança.

Apesar de urgente, ainda existe tabu sobre a temática, inclusive, partindo da liderança. Isso fica evidente com o estudo realizado pelo Instituto Britânico de Saúde Mental Mind, que aponta que 90% das pessoas que ficaram longe do trabalho devido ao estresse não o citaram como razão de sua ausência. E entre os profissionais que contaram, a maioria foi discriminada ou, até mesmo, dispensada (demitidas ou forçadas a sair). “Esse tema traz à tona a importância de as empresas terem ações em prol da saúde mental de seus profissionais e evidencia a urgência de focar no “S” de ESG (environmental, social and corporate governance)”, segundo Fabiano Carrijo, CEO de Pisicologia Viva, integrante de Conexa.

De acordo com Paula Gallo, Chief Human Resources Officer de Conexa, maior player de saúde digital da América Latina, as lideranças devem desenvolver relações baseadas em segurança psicológica para garantir um bom clima organizacional, onde líder e liderado têm uma comunicação fluida e transparente, confiam um no outro e ambos estão focados em objetivos comuns. “É sobre criar relações maduras, humanizadas, com espaço para vulnerabilidade e comprometimento com as soluções. O diálogo, a disponibilidade para trocar, divergir e, por fim, convergir, sobre as variáveis que impactam a relação, é primordial para criar um ambiente harmônico”, diz.

Paula ainda explica que a equipe de recursos humanos (RH) pode liderar estrategicamente intervenções e programas voltados ao bem-estar dos colaboradores. “O RH tem um papel importante na condução de caminhos no cuidado com a saúde física, mental e social a ser percorrido por líderes e liderados. Cabe à área fornecer ferramentas e estratégias que vão do suporte aos colaboradores até trabalhar a cultura de bem-estar por meio de treinamentos, workshops, análises e mapeamentos”, explica.

Confira 5 dicas para o RH melhorar o bem-estar no trabalho

1 – Saúde integral. O colaborador é um ser integral e desvincular a saúde mental da física não é uma possibilidade. É preciso implementar uma cultura de promoção de saúde e prevenção de doenças com base em cuidados integrais. O caminho é instituir, além de consultas com médicos especialistas, também acompanhamento psicológico, de nutrição, monitoramento de crônicos, protocolo de vulnerabilidade, mindfullness, medicina ocupacional, entre outros.

2 – Saúde mental. Cada vez mais, é preciso aprender a reconhecer o sofrimento alheio sem tentar minimizar e oferecendo exemplos de autocuidado. Programas para acolhimento de casos de transtornos mentais e a sensibilização da liderança com essa temática é primordial. Um dirigente que diz em uma palestra que faz acompanhamento psicológico, por exemplo, tem um alto poder de influência para adesão à terapia, passando a mensagem de que cuidar da saúde mental é algo normal, quebrando a barreira do tabu.

3 – Liderança. É preciso desconstruir modelos de liderança hierárquicos, de comando e controle e estabelecer novos relacionamentos no ambiente corporativo, dando espaço para lideranças mais colaborativas, hands on e sensibilizadas com o bem-estar de seus times.

4 – Clima organizacional. Potencializar as fortalezas de cada colaboradores e incentivar os times a reconhecer o melhor de cada membro da equipe, para tornar o ambiente de trabalho colaborativo, agradável, saudável e motivador.

5 – Métricas. É importante medir e comparar resultados sobre clima organizacional, absenteísmo, afastamentos, turnover, produtividade, employer experience, employer branding, sinistralidade, custos, além da capacidade de inovação e de criatividade entre as equipes.