Há desemprego, mas também há carência de mão de obra

Há desemprego, mas também há carência de mão de obra

"Em um momento em que há 13 milhões de desempregados no país e que a taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos de idade está ao redor de 27%, qual seria a razão desse interesse tão pequeno?"

Participamos recentemente de um evento promovido pela filial brasileira de um grande banco de investimentos. O objetivo do evento foi incentivar jovens estudantes da área de Tecnologia da Informação a se candidatarem ao estágio.

É uma empresa grande: tem 35 mil funcionários em todo o mundo, sendo 10 mil na área de TI. As condições de trabalho são excelentes: o salário e os benefícios são ótimos, o trabalho na modalidade home office já era incentivado desde antes da pandemia, a diversidade é vista com muita naturalidade e o dress code, casual. Ao serem efetivados após o estágio, os jovens passam algumas semanas na sede do banco, em New York, para conhecer melhor a empresa.

As exigências não são muitas: conhecimento razoável de uma linguagem de programação qualquer, boa capacidade de raciocínio lógico e capacidade de se comunicar em inglês, idioma que é usado cotidianamente em contato com a matriz e outras unidades da empresa ao redor do mundo.

A empresa deu muita importância ao evento: seu diretor de TI participou do mesmo, juntamente com funcionários e estagiários - a ideia era mostrar aos interessados, as possibilidades de carreira e o ambiente de trabalho.

Agora, a surpresa: apesar de o evento ter sido intensivamente divulgado junto a universidades, estiveram presentes 17 interessados no programa!

Em um momento em que há 13 milhões de desempregados no país e que a taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos de idade está ao redor de 27%, qual seria a razão desse interesse tão pequeno?

A busca de respostas a essa questão deve ser prioridade de governos, escolas de todos os níveis e da população em geral. Providências adequadas são urgentes, pois sua falta pode contribuir para a manutenção do país nos atuais patamares e, ainda pior, provocar um êxodo de empresas que poderão buscar países em que há mais mão de obra preparada, agravando ainda mais nossa situação.